Conduzir a 30 km/h em Lisboa
"A proposta de redução para 30 km/h deverá ser hoje aprovada em reunião da Comissão de Avaliação do Sistema de Controlo de Velocidade e Vigilância do Tráfego de Lisboa." (DN)
Há um paternalismo de Estado incompreensível nos limites de velocidade nas estradas. Senão, vejamos o cenário actual:
- os fabricantes de automóveis (alguns em crise e a receber ajudas de Estado) têm desenvolvido carros cada vez mais bem construídos e seguros.
- esses mesmos fabricantes publicitam muitos modelos pelo ângulo da potência (que, como sabemos é o mesmo que puxar pela velocidade). Dois exemplos: a foto que acompanha esta posta (grande anúncio da Ford, by the way) e a actual campanha do VW Passat (cuja legenda diz algo como "Agora com 170cv"). As marcas de asessórios, como pneus, também recorrem ao mesmo ângulo de venda ("De nada serve potência sem controlo", dizia a Pirelli). É a cultura do consumo automóvel, promovida sem obstáculos.
- o Estado arrecada mais dinheiro com os carros mais potentes: no imposto automóvel (taxa a cilindrada) e no consumo de combustível, por exemplo.
- se quiser ser cínico (e está a apetecer-me), o Estado português tem investido milhões em novas estradas e na melhoria de vias antigas (uma filosofia a prosseguir, segundo sabemos), tornando-as mais seguras (como lembrou o PM nesse momento da entrevista à SIC que já é um clássico).
Face a este sistema de valores e a estas condições, gostaria então que me explicassem a racionalidade dos actuais limites de velocidade: 120 km/h nas autoestradas (140km/h, com a tolerânciazinha da GNR), 50 km/h nas cidades e, porque não, estes peregrinos 30km/h que poderão vir a incomodar Lisboa. Limites que ninguém cumpre, mas que significam multas pesadas quando as autoridades andam à caça. Nada disto faz sentido.
Um destes dias teremos de atravessar algumas ruas de Lisboa empurrando o nosso próprio carro.
15/1/09 23:53
Desde que tenha a inspecção em dia
27/1/09 15:43
Pois é! Falta a capacidade crítica aos portugueses que quando são entrevistados sobre estes assuntos, respondem tipo: Acho bem, andam por aí a grande velocidade sem se importarem com os peões. Não destinguem, infelizmente quem circula a 60 ou 70 na avenida da Liberdade de quem acelera aos 120 na Rua da Prata ou dentro da malha de um qualquer bairro, ex. no Bairro da Serafina. INFELIZMENTE OS PORTUGUESES MERECEM ISTO!
Zé da Burra o Alentejano