Só sabem que tudo sabem II
O argumento de que a realização de um referendo em Portugal poderia pressionar outros governos a lançarem processos de ratificação do Tratado de Lisboa por esta via, colocando em risco o documento ou, até, numa versão mais catastrofista, a própria União Europeia, é falacioso.
Ignora, desde logo, mas de forma muito conveniente para os adeptos do pensamento único europeu, que a probabilidade de uma vitória folgada do "sim" seria muito elevada, dada a circunstância de três partidos - PS, PSD e CDS/PP - serem favoráveis à ratificação. Esta situação seria, obviamente, um trunfo político para os interesses dos líderes europeus que assinaram o Tratado.
Acresce que, em Portugal, jamais se realizou um referendo sobre matéria europeia relevante. Para quem estivesse interessado, este seria um argumento válido para explicar a excepcionalidade da ratificação pelo voto no caso específico português.
Por fim, seria uma forma de o país sob cuja presidência foi fechado o acordo, mostrar que a chamada "construção europeia" também envolve os cidadãos. E isto seria "porreiro, pá".
A este propósito, não deixa de ser curioso verificar que os adeptos do pensamento único europeu estão sempre disponíveis para causticar, com ou sem razão, aquilo a que chamam os pequenos egoísmos nacionais. Quando chega a hora da verdade, não se coíbem de praticar aquilo que criticam. Haverá, decerto, sinceras preocupações com a estabilidade da União Europeia entre os líderes que concordaram em não fazer referendos mas, deixemo-nos de fantasias, o que ninguém quer, mesmo, é correr o risco de averbar uma derrota política nas urnas. E se isto não é mero calculismo e interesse egoista, é o quê?
Ignora, desde logo, mas de forma muito conveniente para os adeptos do pensamento único europeu, que a probabilidade de uma vitória folgada do "sim" seria muito elevada, dada a circunstância de três partidos - PS, PSD e CDS/PP - serem favoráveis à ratificação. Esta situação seria, obviamente, um trunfo político para os interesses dos líderes europeus que assinaram o Tratado.
Acresce que, em Portugal, jamais se realizou um referendo sobre matéria europeia relevante. Para quem estivesse interessado, este seria um argumento válido para explicar a excepcionalidade da ratificação pelo voto no caso específico português.
Por fim, seria uma forma de o país sob cuja presidência foi fechado o acordo, mostrar que a chamada "construção europeia" também envolve os cidadãos. E isto seria "porreiro, pá".
A este propósito, não deixa de ser curioso verificar que os adeptos do pensamento único europeu estão sempre disponíveis para causticar, com ou sem razão, aquilo a que chamam os pequenos egoísmos nacionais. Quando chega a hora da verdade, não se coíbem de praticar aquilo que criticam. Haverá, decerto, sinceras preocupações com a estabilidade da União Europeia entre os líderes que concordaram em não fazer referendos mas, deixemo-nos de fantasias, o que ninguém quer, mesmo, é correr o risco de averbar uma derrota política nas urnas. E se isto não é mero calculismo e interesse egoista, é o quê?