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Cautela e caldos de galinha

Como seria de esperar, a reacção de José Sócrates às estimativas de crescimento da economia portuguesa durante o primeiro trimestre deste ano foram de regozijo. Aliás, se o INE diz que a actividade acelerou para 2,1 por cento, trata-se de uma boa razão para que qualquer português celebre, e não apenas o primeiro-ministro, que tenderá a garantir que, se a economia está a melhorar, isso é obra sua e do Governo que lidera.

Estas estimativas necessitam, no entanto, de uma leitura mais detalhada antes de se fazer a festa e ir apanhar as canas. Os números dão conta de uma evolução muito positiva das exportações, mas não se consegue perceber como está o comportamento de um agregado tão decisivo como o investimento.

Não deverá andar muito bem porque o desemprego, nos primeiros três meses de 2007, aumentou. Assim, em vez de considerar as estimativas para o crescimento económico no primeiro trimestre como um sinal de "clara recuperação", o primeiro-ministro devia ter sido um pouco mais cauteloso.

Quem vai dar credibilidade às suas análises se, dois dias depois, a "clara recuperação" se transforma numa subida da taxa de desemprego para 8,4 por cento, um nível que já não era conhecido em Portugal desde 1998?

“Cautela e caldos de galinha”