De Iwo Jima a Bagdade
A foto que serviu de ícone à batalha de Iwo Jima - cuja história Clint Eastwood conta de forma magistral no filme as "Bandeiras dos Nossos Pais" - remete-nos para o presente e para o uso das imagens como meio patético de propaganda política. Lembro apenas dois casos recentes, mas há muitos mais: o da estátua de Saddam a ser derrubada, que chegou a levar editorialistas portugueses ao extâse com a libertação de Bagdagd; e a proibição de mostrar soldados americanos mortos (cujo critério, de não mostrar, é o avesso do anterior, mas tem o mesmo objectivo). Na política há coisas que nunca mudam.
A guerra, como defende John Keegan no livro Uma História da Guerra (ed. Tinta da China) não é só a continuação da política por outros meios. Também é a projecção de uma determinada cultura de homens em armas. Dos guerreiros americanos de Iwo Jima aos soldados no Iraque há muitas diferenças, mas um ponto é comum na cultura de ambos: todos se preocupam mais com o camarada do lado do que como futuro da nação.