A Moody's não é o Dr. Medina Carreira
É pena – eu até concordo com muito do que a Moody's hoje publicou sobre a economia portuguesa que, convenhamos, nem é grande novidade. O problema é que a Moody's – e as outras duas irmãs, a Fitch e a S&P – não são o FMI, a Comissão Europeia ou o Dr. Medina Carreira. O seu papel não é de analista económico ou de comentador profissional. Goste-se ou não das suas análises, estas agências (que são empresas privadas) gozam de um poder significativo nos mercados financeiros e no custo de financiamento dos Estados soberanos – nos dias que correm o que dizem é lei, como se comprova pelo salto que deram hoje os credit default swaps sobre as dívidas grega e portuguesa.
Por isso mesmo se espera que as agências se limitem a fazer o seu trabalho, o que já não é fácil como se viu pelo estrondoso falhanço no pré-crise subprime ou nos casos da Enron e da Worldcom. E este trabalho não passa por recados ao governo português no Financial Times, nem por relatórios a la FMI, com comparações precipitadas com a Grécia.
16/1/10 11:55
O que é estranho mesmo é que menos de um ano depois de estes mesmos senhores se terem enganado estrondosamente, o mundo continua a ouvi-los como se fossem o Oráculo da Matrix.
Deixar recados no Financial Times é tão estapafúrdio como o Governo (sim, é óbvio que foi o Governo)mandar uma carta para as agências a dizer que o facto de o PSD ir aprovar (alguém tem dúvidas, ainda?) o Orçamento do Estado é um argumento para tudo ir correr bem.
Mas acham o quê, que o mr. Moody e o mr. Fitch não lêem os jornais portugueses?
Análise por análise, e recados por recados, prefiro os economistas portugueses, que são muito mais divertidos (e cujos bitaites não trazem consequências...)
17/1/10 15:26
São as ironias da crise... mas enquanto não houver uma alternativa melhor... Abr