Música de Elevador
Lady's Bridge
Richard Hawley
Agosto, 2007 :: Mute
Há álbuns intemporais. Álbuns que nos fazem acreditar que certos músicos podem reviver num outro tempo, num outro local, mantendo a mesma sensibilidade e uma renascida capacidade de nos encantar. Se alguém te disser que Roy Orbinson retornou à vida em Sheffield, em pleno século XXI, não voltes as costas descrente.
Richard Hawley, antigo guitarrista dos Pulp e dos Longpigs, é um romântico incurável, daqueles à antiga. Não fosse isso, não conseguiria criar um álbum que é "apenas" uma gloriosa mistura de amor e mágoa, perda e conquista. A prova provada que a saudade não é sentimento exclusivo da alma lusitana.
"Lady’s Bridge" é brilhante. É um daqueles álbuns que muitos rotulam de retro, mas que soa fresco a cada audição num tempo em que a beleza pura (e simples) escasseia na alma de quem produz música pop. Uma mistura perfeita de blues, rockabilly e baladas com sumptuosos arranjos orquestrais na onda do chamber pop. Sofisticação? Não, contemplação.
A sua voz de barítono, doce, às vezes sombria, os seus arranjos ricos e longos, os riffs de guitarra clássicos e cristalinos precisam de tempo para ser escutados. A companhia perfeita para uma garrafa de bom vinho.
Os meus versados guarda-freios proibiram-me de escrever longos testamentos, esquecendo-se que não tenho a mesma brilhante capacidade de síntese que eles. Mas ainda assim arrisco a dizer do último trabalho de Hawley: dolorosamente belo, perturbadoramente íntimo. Sem dúvida, um dos mais bem guardados secredos da pop britânica.
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16/1/09 21:19
hummm. deve ser bom pela descrição.