Portugal atrasado na política espectáculo
Paulo Portas quer parecer sério. E assim, apresentou a sua (re)candidatura à liderança do CDS na mesma sala onde Cavaco Silva anunciou a sua caminhada presidencial (Surpresa! Surpresa! Aquela sala do CCB, com o nome de "Fernando Pessoa", foi onde eles escolheram comunicar a toda a gente o que ninguém adivinhava que um dia eles iam fazer).
Estavam sérios, ambos num esfoço enorme para parecerem sérios. Eu estive lá das duas vezes. Cavaco estava mais nervoso que Portas, muito tenso e desabituado às lides comunicacionais. Tremiam-lhe as mãos. Todo ele transpirava insegurança, desde os passinhos curtos e pouco firmes aos olhos postos no chão. Portas parecia calmo, fazia por parecer calmo, relaxado, a voz suavizada, a antítese da pose do ministro de Estado, à vontade perante uma turba desorganizada de fotógrafos que o cercavam. Deve ter tomado um Xanax umas horas antes. Mas sério, afável e institucional (e muito cínico, sim em relação a Ribeiro e Castro).
Os Estados Unidos já estão noutra onda. Aqui os políticos que procuram credibilidade ou a clemência dos eleitores, fazem-se sérios. Por lá, os políticos tidos mais sérios e credíveis parece que fazem as coisas a brincar. Com uma leveza quase insustentável(para um português). John McCain, um dos mais respeitados senadores norte-americanos, anunciou a sua candidatura às primárias entre republicanos no Late Show de David Letterman. É espectáculo! É entretenimento! É a grande política! É de quem sabe que não perde a seriedade por se apresentar ao eleitorado da maior potência mundial assim, num talk-show. Paulo Portas não o podia fazer, porque precisa muito de parecer. Cavaco, tão sério, sério até demais, podia ter quebrado o tabu, sei lá, no programa do Herman. Mas em Portugal, país de gente séria, não há respeitinho a quem não se dê ao respeitinho, não é?
Pelo menos para já, Portugal vai continuar atrasado em relação à vanguarda da política espectáculo.
(Agora, não será por isso que não nos vamos deixar de divertir com as refregas. É como no circo romano, mas melhor: é que aqui na Lusitânia, os gladiadores políticos morrem mas ressuscitam sempre e o espectáculo nunca acaba)
Estavam sérios, ambos num esfoço enorme para parecerem sérios. Eu estive lá das duas vezes. Cavaco estava mais nervoso que Portas, muito tenso e desabituado às lides comunicacionais. Tremiam-lhe as mãos. Todo ele transpirava insegurança, desde os passinhos curtos e pouco firmes aos olhos postos no chão. Portas parecia calmo, fazia por parecer calmo, relaxado, a voz suavizada, a antítese da pose do ministro de Estado, à vontade perante uma turba desorganizada de fotógrafos que o cercavam. Deve ter tomado um Xanax umas horas antes. Mas sério, afável e institucional (e muito cínico, sim em relação a Ribeiro e Castro).
Os Estados Unidos já estão noutra onda. Aqui os políticos que procuram credibilidade ou a clemência dos eleitores, fazem-se sérios. Por lá, os políticos tidos mais sérios e credíveis parece que fazem as coisas a brincar. Com uma leveza quase insustentável(para um português). John McCain, um dos mais respeitados senadores norte-americanos, anunciou a sua candidatura às primárias entre republicanos no Late Show de David Letterman. É espectáculo! É entretenimento! É a grande política! É de quem sabe que não perde a seriedade por se apresentar ao eleitorado da maior potência mundial assim, num talk-show. Paulo Portas não o podia fazer, porque precisa muito de parecer. Cavaco, tão sério, sério até demais, podia ter quebrado o tabu, sei lá, no programa do Herman. Mas em Portugal, país de gente séria, não há respeitinho a quem não se dê ao respeitinho, não é?
Pelo menos para já, Portugal vai continuar atrasado em relação à vanguarda da política espectáculo.
(Agora, não será por isso que não nos vamos deixar de divertir com as refregas. É como no circo romano, mas melhor: é que aqui na Lusitânia, os gladiadores políticos morrem mas ressuscitam sempre e o espectáculo nunca acaba)
13/3/07 20:57
Comrade (perdoa a expressão). É que apanhei hoje o Elevador pela primeira vez, no dia em que recebi, também pela primeira vez uma proposta de "avaliação nutricional" de uma simpática menina. Como não sei bem se uma avaliação nutricional me obrigaria a despir, decidi declinar a proposta.
Por falar em avaliação nutricional, e já que falamos de política-espectáculo. Achas que o Al Gore está a tentar emagrecer para poder alinhar na corrida presidencial?
Se calhar os seus spin doctors já lhe fizeram uma análise nutricional? Será que o tamanho da pila conta na corrida eleitoral americana, e se sim, será que Hillary vai contratar um dildo?
Será que o aquecimento global se vai reflectir no meu quarto? Será que o Benfica sem o Katsouranis é capaz de ganhar?
Estas e outras questões atormentam-me, e é nestas horas que pensamos nos amigos.
Um abraço
Rui Pelejão